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O capim-vetiver (mudas)


O capim-vetiver
Vetiveria zizanioides (L.) Nash

O capim-vetiver (Vetiver) é bastante conhecido desde os mais remotos tempos da antiguidade, cultivado há pelo menos 6.000 anos, foi largamente propagado ao redor do mundo pela importância na produção de óleo essencial aromático e por seus “poderes mágicos”. Atualmente é encontrado em quase toda região Pantropical do planeta. O Vetiver é uma planta herbácea e perene (pode vegetar durante séculos), constituída por touceiras de arquitetura ereta, com folhas e hastes longas, delgadas e bastante resistentes e consistentes. A origem do Vetiver é ainda desconhecida, segundo alguns autores é proveniente das regiões pantanosas do subcontinente indiano (Vietnã, Sri Lanka, sul da Índia). Atualmente é cultivado em mais de 100 países e sua popularidade vem crescendo rapidamente.

Classificação Sistemática:

Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Liliopsida
Ordem: Poales
Família: Poaceae (ant. Gramineae)
Subfamília: Panicoideae
Tribo: Andropogoneae
Gênero: Vetiveria
Espécie: Vetiveria zizanioides (L.) Nash.
Sinonímia: Chrysopogon zizanioides (L.) Roberty.

Atributos morfológicos e fisiológicos:

Espécie pioneira, o Vetiver apresenta características eco-fisiológicas únicas no mundo. A capacidade de estabilizar o solo e controlar a erosão, aliada a excepcional adaptação às mais diversas e inóspitas condições bioedafoclimáticas, o que a torna possível se desenvolver onde nenhuma outra planta sobreviveria. Extremamente rústica, o Vetiver é simultaneamente hidrófilo e xerófilo, além de resistir a extremos hídricos (300–3.000 mm/ano), também tolera extremos térmicos (-14ºC a +55ºC). A fixação biológica de nitrogênio atmosférico e do fósforo, através da associação de bactérias e fungos simbióticos das raízes, permite ao Vetiver vegetar em praticamente qualquer tipo de terreno, tolerando solos de baixa fertilidade, e com valores extremos de pH (3-10), salinidade e toxidez. A complexa rede de bainhas e folhas do Vetiver retém a translação de sedimentos, dos mais finos aos mais grosseiros, estabelecendo barreiras naturais, que reduzem a velocidade das enxurradas e aumentam a capacidade de infiltração d’água no solo, controlando a erosão até mesmo em grandes inclinações (150º). Suas raízes são extensas e profundas, crescem até 3 cm por dia e atingem de 2 a 3 metros de profundidade no primeiro ano de plantio, podendo alcançar até 6 metros de extensão. As raízes não entram em dormência, mesmo em baixas temperaturas do solo (15 Cº dia e 13 Cº noite), mesmo nestas condições foram registradas taxas de crescimento radicular de 1,26 mm/dia. O extenso alcance das raízes do Vetiver, em profundidade, lhe confere uma surpreendente capacidade de resistência à seca prolongada, e uma extraordinária capacidade de recuperação após sofrer estresses, como queimada, pastoreio intensivo, alagamentos, etc. A espécie já demonstrou uma enorme qualidade de resistência ao ataque de pragas e doenças e ao acamamento por fortes ventos. A raiz do Vetiver apresenta um impressionante poder de penetração, de tamanho vigor, que pode inclusive transpor camadas com impedimentos rochosos. O sistema radicular agregante de solo, forma um grampeamento natural muito difícil de ser desalojado, como “pregos do solo”.


A excepcional capacidade na estabilização de solos pelas raízes do Vetiver advém da grande densidade relativa das suas raízes (6–10 kPa/Kg por m³ de solo), volume muito superior a cobertura realizada pelas raízes das árvores (3,2–3,7 kPa/Kg por m³ de solo).A resistência da raiz do Vetiver aumenta com a redução do diâmetro, ou seja, raízes novas já conferem a proteção do solo. As raízes do Vetiver apresentam força tensil que variam de 40–180 [Mpa]. As raízes com diâmetros de 0,2–2,2 mm têm uma força tensil média de 75 [Mpa], equivalente a 1/3 da força tênsil do aço, só que as raízes de Vetiver jamais enferrujam. Caso o Vetiver venha a ser enterrado, pelo deslocamento e o acumulo de sedimentos, os seus nós emitem novas raízes, que nivelam a planta com a nova superfície do terreno.Os incríveis atributos e a versatilidade conferem o status ao Vetiver de “uma das espécies mais úteis e promissoras à humanidade deste século”.Em áreas perturbadas, onde os métodos convencionais de proteção ambiental, geralmente, consistem em soluções complexas e pouco práticas, de custo elevado, e de eficiência questionável, o “Sistema Vetiver”, técnica no qual se utiliza o capim-vetiver, oferece uma alternativa tecnológica simples, eficaz, segura, e de reduzidos custos. Em artigo científico publicado no “The Journal of the American Botanical Council”, é transcrito a importância mundial da “Sistema Vetiver”, informando que uma barreira de contenção de Vetiver pode custar cerca de US$ 30,00/hectare (+/- R$ 60,00), enquanto os custo com métodos convencionais podem ultrapassar US$ 500,00/hectare (+/- R$ 1.000,00). Encerra o artigo afirmando ser “os povos do terceiro mundo os que mais podem se beneficiar desta “dadiva da natureza”. Conhecido como “Capim Mágico” nas regiões áridas da Austrália, o Vetiver é largamente utilizado na estabilização de barreiras em obras rodoviárias na China, Malásia e Tailândia, além de “proteger” as lavouras de mais de 500.000 produtores rurais na Etiópia.

Riscos e impactos ambientais

O Vetiver é considerado uma das plantas mais seguras do mundo para utilização em fitorremediações. Fora de seu habitat natural o Vetiver não oferece qualquer risco de se transformar em erva invasora. Cultivado há séculos em várias partes do mundo, nunca houve qualquer registro de que qualquer planta tivesse “escapado” ás áreas de cultivo. O Vetiver nunca é agressivo, raramente produz sementes férteis, nunca produz rizomas, nem estolões, nem qualquer outra estrutura reprodutiva, só podendo ser multiplicado por subdivisões de touceiras ou cultura de tecidos in-vitro. Para a total eliminação do Vetiver basta arranca-lo e deixa-lo exposto ao tempo.Pesquisas realizadas com amostras de Vetiver provenientes de vários países indicam que, em sua grande maioria, o Vetiver distribuído ao redor do Planeta é geneticamente idêntico e, parecem descender de um mesmo genótipo, uma garantia de homogeneidade e estabilidade da planta.Há séculos vários povos da África e Ásia utilizam o Vetiver na demarcação territorial das propriedades, um registro da total imobilidade da planta e segurança da tecnologia. Milhares de hectares de terras cultivadas estão protegidos na Índia, China e África. O Sistema Vetiver têm mais de 200 anos de histórias na Índia, e compõe “terraços vegetais” na ilhas Fiji há mais de 50 anos. Neste período a planta nunca mostrou qualquer perigo de doença e praguejamento, nem como intermediário de moléstias. O Vetiver foi testado por 5 anos, sob a coordenação de pesquisadores do laboratório Engineering Research Laboratories (USACERL), que incorporou o Vetiver em vários projetos experimentais para avaliar a sua performance e eficácia como ferramenta biotecnológica na estabilização e preservação de solos com estruturas e texturas distintas. O relatório de avaliação concluiu que o Vetiver foi a espécie que apresentou as melhores resultados de fitorremediação.A Agência para o Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos (U.S. Agency For International Development - USAID); o Conselho de Pesquisa dos Estados Unidos (The National Research Council – NRC), e a Academia de Ciência Naturais (National Academy of Sciences) pesquisaram o Sistema Vetiver, sendo aprovada, por unanimidade, como tecnologia barata, eficaz e segura para o efetivo controle de erosão e conservação da água no solo”. Grimsbaw & Helfer, 1995, relataram que após 30 anos trabalhando com Vetiver em diversos países do mundo, nunca foi observado qualquer praga e/ou doença que possa atacá-la ou servir como hospedeiro.Uma análise de risco realizada pelos orgãos ambientais da Austrália e Nova Zelândia classificou o Vetiver como de baixo risco de se tornar uma espécie invasora com a pontuação -8, sendo que plantas com pontuação menor que 1 (um) podem ser importadas para estes países sem preocupações. PIER, (2007) apresenta uma lista de trabalhos técnicos que servem como embasamento científico de suporte a esta classificação. Dada suas excelentes características, no Brasil o Vetiver é indicado no pelo Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (DNIT) em sua “Norma 074/2006 – ES” para ser utilizado no tratamento ambiental de taludes e encostas. Da mesma forma a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) recomenda o uso do Vetiver como uma técnica de baixo custo para ser utilizado no controle de voçorocas em áreas rurais (Embrapa, 2006). A empresa VETIVER SYSTEMS LTDA (http://www.sistemavetiver.com.br/) vem realizando no Brasil uma série de trabalhos de controle de erosão e reforço de solo utilizando o Sistema Vetiver e os resultados têm demonstrado uma grande eficiência deste método natural.

REFERÊNCIAS

The Vetiver Network: Organização internacional sem fins lucrativos, que tem por objetivo promover conhecimentos e informações científicas sobre o Vetiver: na conservação de solo e água; reabilitação de áreas degradadas; estabilização de taludes e encostas; fitoremediação de áreas contaminados; e controle natural de poluentes. Apoiada e financiada pelo Governo Real Dinamarquês, além de importantes e renomados organismos internacionais como o Banco Mundial e a ONU. Atualmente atua em mais de 100 países do mundo, distribuídos pela Ásia, África, América Latina e Caribe, entre eles o Brasil. http://www.vetiver.org/

Extensa lista da pesquisas científicas e publicações selecionadas com o capim-vetiver. http://www.vetiver.org/TVN_refs.htm

Relatório do Banco Mundial descrevendo os usos do capim-vetiver na conservação dos solos e das águas. Eles concluem que o Sistema Vetiver (técnica na qual o capim-vetiver é utilizado) é uma forma eficiente e barata para resolver os problemas de erosão e melhorar a produtividade dos solos. http://www.vetiver.org/PUBLICATIONS/TVN_greenEng.pdf

Relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos sobre o capim-vetiver. http://www.vetiver.org/USA-USDA-NRCS_Sunshine.pdf

Relatório da Agência para o Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos (U.S. Agency For International Development - USAID); o Conselho de Pesquisa dos Estados Unidos (The National Research Council – NRC), e a Academia de Ciência Naturais (National Academy of Sciences) que pesquisaram o Sistema Vetiver, sendo aprovada, por unanimidade, como tecnologia barata, eficaz e segura para o efetivo controle de erosão e conservação da água. http://www.amazon.com/Vetiver-Grass-Green-Against-Erosion/dp/0309042690

Instituto florestal das ilhas do pacífico descrevendo as características do capim-vetiver. http://www.hear.org/pier/species/chrysopogon_zizanioides.htm

Análise de risco realizado pelos órgãos ambientais da Austrália e Nova Zelândia, adaptado para as ilhas Havaianas, mostrando que o capim-vetiver é uma espécie segura para ser importada para o Havaí, sem riscos de se tornar uma planta invasora. http://www.hear.org/pier/species/chrysopogon_zizanioides.htm

Norma do DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES - DNIT especificando serviço de controle de processos erosivos em margem de rodovias e recomendando o uso do capim-vetiver para reforço do solo e contenção de encostas. http://ipr.dnit.gov.br/normas/DNIT074_2006_ES.pdf

Artigo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA descrevendo como recuperar áreas com voçorocas e recomendando barreiras de capim-vetiver. http://www.cnpab.embrapa.br/publicacoes/sistemasdeproducao/vocoroca/implantacao.htm#forma

VETIVER - Soluções Ambientais: http://www.vetiverambiental.com.br/

Texto adaptado de EMATER-MG, Caxambu.